quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cópias novas em mostra no MAM

A Cinemateca do MAM-RJ deu início à I Mostra ONS de Cinema Brasileiro, exibindo cópias novas de filmes brasileiros de seu acervo feitas com o patrocínio da ONS. Além de criar cópias de exibição de filmes cujas matrizes (negativos ou internegativos) estão depositadas no acervo da Cinemateca, criando um novo material no conjunto de materiais de preservação da obra, o projeto também permitirá a exibição e, assim, a descoberta e a reavaliação de filmes de diferentes épocas, estilos e gêneros. Se antes estes títulos estavam inacessíveis ou reféns de péssimas cópias (fosse em película ou VHS), agora podem ser conhecidas por novas platéias em condições dignas.
A mostra faz parte do projeto de Recuperação do Acervo da Cinemateca do MAM, tratado em post deste blog em outubro de 2011.
Estive ontem, quarta-feira, dia 18, na abertura da mostra com o filme Raoni (dir. Jean Pierre Dutilleux e Luís Carlos Saldanha, 1979), documentário que promove um interessante diálogo com o recém-lançado Xingu.
A exibição de filmes prossegue até o dia 29 de abril.
Veja abaixo a programação.

I Mostra de Cinema Brasileiro

18 – 29 abril Auditório

A I Mostra ONS de Cinema Brasileiro é resultado do projeto Recuperação do Acervo da Cinemateca do MAM, desenvolvido desde 2009, voltado para a criação de novas matrizes e cópias para títulos importantes da filmografia brasileira que se encontravam em precário estado de conservação ou sem material de acesso. A seleção, que obedeceu a critérios prioritariamente de preservação, realiza um passeio pelas várias dimensões artísticas, históricas e culturais da produção cinematográfica do país, apresentando obras que não circulam há pelo menos 20 anos. Dois debates acompanham a Mostra, um dedicado ao célebre curso ministrado em 1962 pelo cineasta sueco Arne Sucksdorff no Rio de Janeiro, evento deflagrador da formação da chamada segunda geração do Cinema Novo, e outro à atriz Zezé Macedo, a intérprete feminina com a maior filmografia do Cinema Brasileiro, 108 títulos, e que estrelou um único filme, apresentado nesta programação.

Qui 19 18h30 Mostra ONS MITT HEM ÄR COPACABANA/FÁBULA de Arne Sucksdorff. Suécia/Brasil, 1965. Com Leila Santos de Sousa, Cosme dos Santos, Josafá da Silva Santos e Antônio Carlos de Lima. Narração em sueco, diálogos e legendas em português. Drama, p&b, 1.66:1, Mono, 88 min.
Exibição em 35mm. Indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes, Guldbagge de Melhor Direção em 1965, narra a trajetória de 4 crianças pobres, oriundas da favela Pavão-Pavãozinho, em sua luta diária pela sobrevivência em meio ao bairro carioca de Copacabana. Sessão seguida do debate “50 anos do Curso Sucksdorff”.

Sex 20 18h30 Mostra ONS CRONICA DE UM INDUSTRIAL de Luís Rosemberg Filho. Brasil, 1978. Com Renato Coutinho, Ana Maria Miranda, Wilson Grey e Kátia Grumberg. Drama, Cor, 1.66:1, Mono, 87 min.
Exibição em 35mm. Empresário com passado de esquerda entra em crise diante dos novos rumos do país, pós milagre econômico.

Sab 21 16h Mostra ONS O FRACO DO SEXO FORTE de Osíris Parsifal de Figueroa. Brasil, 1973. Com Hugo Bidet, Josef Guerreiro, Wilson Grey e Meiry Vieira. Pornochanchada, Cor, 1.66:1, Mono, 84 min.
Exibição em 35mm. Ex-figurante ganha na loteria esportiva e se torna produtor de cinema, com tratando um intelectual e um erotômano para desenvolver o argumento da película.

18h Mostra ONS ISTO É NOEL ROSA de Rogério Sganzerla. Brasil, 1991. Com João Ximenes Braga, Juracy de Morais e imagens de arquivo de Noel Rosa. Filme Ensaio, Cor e p&b, 1.37:1, Mono, 43 min.
Exibição em 35mm. Cópia com legendas em inglês. Noel Rosa anda pela cidade em meio ao carnaval de 1990, vivendo seus últimos dias, enquanto a narrativa explora e reflete sobre a natureza e o destino de sua arte.

Dom 22 16h Mostra ONS BANANA MECÂNICA de Braz Chediak. Brasil, 1974. Com Carlos Imperial, Miguel Carrano, Miriam Pérsia, Nélia Paula e Rose Di Primo. Comédia erótica, Cor, 1.37:1, Mono, 95 min. Exibição em 35mm.
O psicanalista Dr. Ferrão conduz experimento em torno da sexualidade com a intenção de ficar com jovem muito bonita, mas os acontecimentos fogem ao seu controle.

18h Mostra ONS AMENIC - ESTRE O DISCURSO E A PRÁTICA de Fernando Silva. Brasil, 1984. Com Joel Barcellos, Paula Gaitán, Aldine Muller, Lady Francisco, Fernanda Torres e Luthero Luiz. Drama, Cor, 1.66:1, Mono, 95 min. Exibição em 35mm.
Melhor Fotografia no I Rio Cine Festival. Casal de cineastas entra em crise devido às dificuldades para levar adiante sua arte em meio à crise econômica e institucional em que mergulha o país e a área.

Qua 25 18h30 Mostra ONS SANGUE QUENTE EM TARDE FRIA de Fernando Cony Campos e Renato Neumann. Brasil, 1973. Com Milton Rodrigues, Talula Campos, Francisco Santos e Angela Santos. Drama, Cor, 1.37:1, Mono, 87 min.; Exibição em 35mm.

Assaltante perseguido pela polícia rodoviária seqüestra mãe, filha e o motorista, provocando uma reviravolta familiar.

Qui 26 18h30 Mostra ONS ETÉIA, A EXTRATERRESTRE EM SUA AVENTURA NO RIO de Roberto Mauro. Brasil, 1983. Com Zezé Macedo, Eliezer Motta, Claudioney Penedo e Wilson Grey. Paródia, Cor, 1.66:1, Mono, 94 min. Exibição em 35mm.
Etéia vem à Terra em busca do namorado e não o encontrando, tem que fugir da perseguição de um detetive desastrado e lidar com seus poderes inusitados. Sessão seguida do debate “A Arte de Zezé Macedo”, com a participação

Sex 27 18h30 Mostra ONS O SANTO E A VEDETE de Luís Rosemberg Filho. Brasil, 1981. Com Luthero Luiz, Adriana de Figueiredo, Paula Nestorov, Renato Coutinho e Wilson Grey. Comédia Erótica, Cor, 1.66:1, Mono, 80 min. Exibição em 35mm.
Político do interior vem passar o carnaval no Rio de Janeiro e se apaixona por vedete. Excursionado com sua trupe, vai parar na cidade do amante e passa e pedir favores cada vez mais comprometedores.

Sab 28 16h Mostra ONS COSTINHA E O KING MONG de Alcino Diniz. Brasil, 1977. Com Costinha, Ferrugem, Wilza Carla, Nídia de Paula e Hugo Bidet. Paródia infanto-juvenil, Cor, 1.37:1, Mono, 85 min. Exibição em 35mm.
Costinha, O Rei da Selva, está para ser sacrificado ao gigantesco King Mong por não querer casar com a gorda rainha dos Homens-Leopardos, quando se envolve com Jane e três bandidos que querem levar o gorila para a civilização e explorá-lo.

18h Mostra ONS MEMÓRIA DE HELENA de David Neves. Brasil, 1969. Com Adriana Prieto, Arduíno Colasanti, Maria Rosa Pena, Joel Barcellos e Mair Tavares. Drama, Cor e p&b, 1.37:1, Mono, 80 min.
Exibição em 35mm. Melhor Filme no Festival de Brasília. Rosa e Renato recordam a relação com Helena em Diamantina através de seu diário e de alguns filmes familiares.

Dom 29 16h Mostra ONS A CARTOMANTE de Marcos Farias. Brasil, 1976. Com Maurício do Vale, Ítala Nandi, Ivan Cândido e Paulo César Pereio. Drama. Cor, 1.37:1, Mono, 84 min. Exibição em 35mm. Adaptação do conto homônimo de Machado de Assis. Triângulo amoroso passado em duas épocas, 1871 e 1971, com previsões distintas de uma cartomante para o desenlace.

18h Mostra ONS BRASÍLIA, A ÚLTIMA UTOPIA: O SONHO NO SONHO de Vladimir Carvalho, Pedro Jorge de Castro, Moacir de Oliveira, Roberto Pires, Geraldo Rocha Moraes e Pedro Anísio. Brasil, 1989. Documentário, Cor, 1.37:1, Mono, 97 min. Exibição em 35mm. Longa metragem em episódios explorando diferentes aspectos da Capital Federal em sua proposição como uma nova dimensão do país.

Um comentário:

felipe disse...

Ola Rafael, tudo bom?
Bacana seu blog, tenho lido ultimamente alguns artigos. Gostei muito do texto do ernani. Frequento a cinemateca há muitos anos, amo aquela sala, ja vivi bons momentos ali. O que me chateia hoje em dia é o lance da cobrança de ingresso, que, aliás, fui eu que sugeri no ano passado essa cobrança por causa das pessoas estranhas que entravam na cinemateca durante as sessões - mendigos, mal encarados de todo tipo, enfim, sugeri uma taxa simbólica justamente para afastar esse pessoal que ia pra cinemateca com outros objetivos que não ver o filme em cartaz e dar tranqulidade ao povo que curtia mesmo, como eu. Vi alguns filmes da mostra ONS, de graça, e quando fui ver o porto das caixas do saraceni (pela milésima vez) fui barrado pelo funcionário - já com meia hora de filme começado - me cobrando uma taxa de 5 reais. Bom, escrevi isso tudo para saber se poderiamos, eu, vc, nós que amamos a cinemateca, fazer um pedido, ou para baixar esse valor, ou extinguir de vez essa entrada - cinema de qualidade e livre pra todos - e colocando mais segurança ali no lado da cinemateca. Conheço gente que até já foi assaltado ali. Brincadeira, né?
Um abraço